sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

George Lucas anuncia aposentadoria

Em uma extensa entrevista ao jornal The New York Times, George Lucas fala das dificuldades de seu mais novo filme Red Tails, de suas mágoas com os fãs, assume a responsabilidade sobre um dos piores momentos de Indiana Jones 4 e anuncia sua aposentadoria dos blockbusters.

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"Estou me aposentando. Estou me afastando dos negócios, da empresa, de todo esse tipo de coisa."

Ele teve o cuidado de deixar para si um cláusula para fazer um quinto Indiana Jones. Caso contrário, Red Tails será o último blockbuster feito por Lucas. "Quando isso acabar, ele terá feito tudo que ele sempre quis fazer", disse Rick McCallum, que vem produzindo filmes de Lucas há mais de 20 anos. "Ele terá completado seu objetivo como homem e cineasta".

Lucas decidiu dedicar o resto de sua vida ao que os cineastas na década de 1970 costumavam chamar de filmes pessoais. Eles vão ser pequeno em seu alcance, esotéricos no assunto e exibidos principalmente em casas de arte. Eles vão ser como os filmes experimentais feitos por Lucas na década de 1960, na época em que ele estava na escola de cinema, quando ele gravou nuvens se movendo sobre o deserto e fez um filme baseado em um poema de E.E. Cummings. Durante esse período, Lucas tinha certeza de que teria esta carreira alternativa. Então Star Wars aconteceu - e embora muitas vezes Lucas tenha pensado sobre isso, ele nunca se comprometera com o mundo não-comercial até agora.

Desde 1997, ano em que Lucas lançou suas edições especiais dos filmes originais de Star Wars nos cinemas, ele tem sido atacado pelos muitos fãs que uma vez abraçaram seu estilo heróico. Eles não gostaram como Lucas mudou os filmes antigos, não gostaram das prequências, que pareciam infantis; e o merchandising de Star Wars começou a deixá-los loucos.

"Eu acho que há um monte coisas mais importantes no mundo" do que brigar com os fãs, Lucas diz com uma espécie de desconfiança cansada. Mas então ele fica sério, até um pouco magoado. Lucas explica que seus primeiros filmes - THX 1138 e American Graffiti - foram forçadamente re-editados pelos estúdios. Essas foram experiências dolorosas que ele comparou com alguém dando a ignição em seu carro (ele adora carros) ou cortando o dedo de um de seus filhos (ele tem três e os ama também). Depois, Lucas partiu para conquistar a independência financeira de modo que a edição final seria para sempre sua. "Se o filme não funciona", ele prometeu, "vai ser culpa minha."

"Na internet, todos esses mesmos caras que reclamam que fiz mudanças estão mudando os filmes completamente", Lucas diz, se rederindo aos fãs que fizeram suas próprias reedições. "Estou dizendo: 'Ótimo. Mas meu filme, meu nome nele, quer dizer que eu o fiz, precisa ser do jeito que eu quero.'

Lucas tirou o controle de seus filmes dos estúdios apenas para descobrir que os fãs ainda poderiam dar-lhe notas de roteiro. "Por que eu iria fazer mais", diz Lucas sobre os filmes de Star Wars, "quando todo mundo grita com você o tempo todo e diz que pessoa terrível você é?"

Há um episódio no final de período pipoca de Lucas que sintetiza bem a ruptura entre ele e seus fãs. Falo, é claro, de "nuking the fridge". Em 2008, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, a quarto e menos gostada das colaborações Lucas/Spielberg, Indy entra em uma geladeira revestida de chumbo para sobreviver a uma bomba nuclear. Como “jumping the shark", “nuke the fridge” tornou-se sinônimo para descrever um momento em que a história finalmente deixa de ser boa para ruim e inspirou um episódio de South Park em que Lucas e Spielberg estupram seu herói arqueólogo. "Culpe-me", disse Spielberg para a revista Empire. "Não culpe George. Essa foi a minha idéia boba. "


Quando eu disse a Lucas que Spielberg havia aceitado a culpa por "nuke the fridge", ele parecia atordoado. "Não é verdade", disse ele. "Ele está tentando me proteger."

Na verdade, foi Spielberg quem não acreditou na cena. Em resposta aos temores de Spielberg, Lucas montou um grande dossiê sobre sobreviver a uma explosão nuclear em uma geladeira. Tinha cerca de seis polegadas de espessura, ele indicou com as mãos. Lucas disse que se a geladeira fosse revestida de chumbo, e se Indy não quebrasse o pescoço quando o frigorífico caísse no chão, e se ele fosse capaz de abrir a porta, ele poderia, de fato, sobreviver. "As chances de sobreviver à geladeira - segundo um monte de cientistas - são cerca de 50-50", disse Lucas.


Sobre Indiana Jones e o Templo da Perdição, é um tipo de filme pessoal. "Eu estava passando por um divórcio, e estava com um humor muito ruim", Lucas disse. Então ele sonhou com um vilão que atingisse o peito dos homens e arranca-se seus corações. Será que ele realmente pretendia criar uma metáfora tão direta? "Sim", disse Lucas melancolicamente. É um período difícil de ele pensar.

Quando Lucas fala sobre quão animado ele está para deixar para trás os rigores do cinema blockbuster - como ele está "se aposentando, de certa forma, do meu passado" - ele está, da maneira do personagem Lucas, em busca de sua verdade pessoal.

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